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Descrição da Imagem: Sobre fundo cinza claro, desenho do busto de Mário Santana, em preto. Homem calvo, rosto redondo, olhos grandes, usa um óculos apoiado sobre o nariz de base larga e tem lábios finos. Está com uma camiseta. Abaixo, em cinza Seminário, em azul Mário Santana.
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MARIO SANTANA

Mario Santana foi professor do PPG Artes da Cena e organizou com extrema competência e entusiasmo os seminários de 2016, 2017 e 2018 (até o seu falecimento).

 

A morte, ou a quase morte, traz uma certa ode a uma vida impessoal, quase pura. Um amor, uma bondade e uma resignação surgem fortes por essa centelha de vida que se esvai, potência vital essa não pessoalizada. Amamos a vida quando ela se finda num corpo. Amamos e choramos essa centelha de vida impessoal que se foi naquela composição única feita de átomos, carne, músculos e pensamento e tendemos à pureza de sensações. Dickens e Deleuze bem entenderam isso! Mas quero me lembrar de Mario Santana não somente por essa centelha de vida forte e impessoal que ele tinha. Não quero im-pessoalizar o Mario em função dessa sensação de pureza que se estabelece diante da morte. Mario não era puro, Mario era humano, ranzinza, direto, briguento, falava verdades na cara sem medo. Mario adornava essa fagulha de vida impessoal com uma humanidade e uma pessoalidade ímpar, forte, “crica”, teimosa, de uma chatice deslumbrante, excitante quase cômica. Assim era ele no Conselho Científico do Lume, assim era ele quando juntos organizamos o Seminário Interno da do PPG Artes da Cena, assim era ele quando me ligava “puto” com alguma coisa que eu nem entendia direito, mas ele precisava desabafar.  Assim era o Mario professor. Assim era o Mário na Abrace e na cerveja do bar. O charme de uma pessoa advém de sua loucura, de sua força para abrir espaços de respiro nesse mundo apertado. Nesse sentido, Mario era deslumbrantemente louco, alucinado e por isso charmoso ao extremo. Mas, principalmente,  Mario dançava na vida e com ela. E nessa grande festa que é a vida, ninguém que dança com tanta potência deveria ser impedido de bailar até os últimos minutos possíveis. Mario parou abruptamente de dançar. A festa, agora, certamente, ficará um pouco mais chata! Pois, quem dança na vida e com a vida é admirável! Obrigado, Mario, por tudo: você dançou belamente!

 

Renato Ferracini
03/01/2018

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